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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mãos em desabafos


Mãos em desabafos


Raspei as mãos no chão

Queria sentir dor

Raspei no pó do alcatrão

Pó de pedra, louco ardor

Raspei e me libertei em sangue

Rio correndo pelas veias

Fruto sem casca... Lande

Seiva de desespero em minhas tareias

Raspei as mãos em pedra dura

Ferida em gritos de agonia

Raspei as mãos nas dores sem cura

Feridas de noite e de dia

Minhas mãos... Cintilantes

Mãos de medo... Trémulas

Raspadas pela revolta, em pedras brilhantes

Mãos ingénuas...

Mas triunfantes

Raspei as mãos no chão onde moro

Raspei as mãos onde imploro

Onde peço...

Onde raspo se mereço

As mãos do meu sofrimento

Mãos que escrevem

Mãos que são meu alimento

Mãos que não temem

Raspadas pelo tempo

Nas pedras do chão da vida

Mãos que ao relento

Escrevem desabafos sem medida

Minhas mãos...

Raspadas em escrita

Prosas e poesia... Irmãos

Das mãos...

De quem grita


José Alberto Sá

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