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domingo, 8 de junho de 2014

Sons

Sons

É quando chega a noite, que sinto a tonteira nos ouvidos, turbinas que me soam, vozes de um além potente e vagabundo.
Vagabundo é o frio que me faz sentir num casulo, se a noite chega devagar e com sons fora de si… Fora do tempo, quando a noite chega e recomeças a falar sem que estejas presente… Nunca estás presente fisicamente… Somente te imagino nos sons da noite…

É quando chega a noite, que ocupas o espaço e te diluis nas paredes do meu quarto… Consigo ver a tua imagem no escuro… És o candeeiro a meu lado que mantenho apagado… Frio… Só… E só pela manhã nasce o silêncio… Acordo… Lavo-me… Nada se ouve…

Minto…

Os sons ecoam livres pela vulnerabilidade da minha óptica… Vejo-te ali… Aqui… Pois é ali onde te aponto o dedo, por saber que estás aqui… Branca e de ranhura provocante…
Como provocante és em suspiros, gemidos… Sons que me visitam pela noite…

É quando chega a noite… A tonteira é o amor que se envaidece pela ranhura, pela busca incessante das nuvens do meu consciente… Só na luz do dia consigo abrir a realidade e acordar…

É quando chega a noite que tudo acontece… É quando durmo enroscado num casulo… Os sons… Deixa para lá… Eu aguento… Geme, suspira… Grita…

É dia…

Meus sonhos, só os vivo nos sons da noite.


José Alberto Sá

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